09/08/2005
Nos últimos dias, encontrei pessoas em diferentes lugares e situações e todas, depois dos cumprimentos de praxe, disseram que terça-feira à tarde, que é exatamente o momento em que escrevo estas linhas, estariam assistindo ao depoimento de José Dirceu e, depois, à acareação com o novo super-herói Roberto Jefferson. Espera-se um espetáculo francamente obsceno, com todos os lances sujos, deputados babando em pujante indiferença e cinismo, apontando o dedo sujo e irresponsável para um de seus pares. Igual em atitudes, trejeitos e privilégios.
Não estou assistindo e, todas as vezes que o fiz, meu nojo por aqueles que representam a nação cresceu. Mas pude reparar que, enquanto essa gente e não são somente os deputados, senadores e ministros de tribunais, mas também o corpo do dito mercado de capitais decide em reuniões secretas quem vai ser jogado na fogueira para aplacar a sanha do povo, o País fica mais leve, pois eles ficam sem tempo para trabalhar contra o bem-estar da nação. Esse país tem político demais, polícia demais e banco demais, sendo que somente os bancos são competentes, principalmente pela incompetência e ineficiência das outras duas partes.
Digo e repito: quem acha que vai mudar essa situação está redondamente enganado. Virão aquelas conversas tipo sérias, em programas televisivos, enaltecendo a maturidade de nossa democracia, enquanto em qualquer farol de qualquer capital ou cidade maior, milhares de crianças, mulheres e deserdados estarão a pedir esmolas. Daí que educação, transportes e bem-estar ficam nas miragens de novelas passadas em cenários pavlovianos.
É a cultura do “achismo”: todo mundo acha alguma coisa, ninguém sabe nada e procura sempre enganar. Faz-de-conta. Povo perdido e sem tradução.
Irrita-me ter que pagar impostos. Pagar IPVA, IPTU e outros, diretos e indiretos. Todo o nosso dinheiro vai para a manutenção de uma gigantesca e ineficiente máquina governativa, em todos os seus níveis, e o pouco que sobra é desperdiçado em politicagens.
Achar uma solução é tarefa que demandaria uma quantidade enorme de homens e mulheres com grandeza e inteligência. Gente com fibra e determinação que não é encontrada em quantidades necessárias em nossas colonizadas e exploradas terras. Portanto, é esperar o tempo passar hábito folclórico e no qual temos certificado de excelência. Lembro que esta semana o prefeito de São Paulo extinguiu os Centros de Educação Ambiental, projeto louvável da administração anterior, um dos quais era localizado no Cemucan e que tinha um trabalho belíssimo e eficiente.
Perdemos nossa cidadania e se um dia ela for achada, não haverá a quem a entregar.