22/12/2005
A fase mais difícil para qualquer tenista, desde que esse tenista não seja um gênio, é a transição da fase juvenil para a profissional:
• a pressão aumenta;
• os adversários têm mais experiência;
• é necessário um grande respaldo financeiro;
• os técnicos já não têm tanto interesse, já que é a fase onde o jogador mais perde que ganha;
• existe uma cobrança de familiares e amigos em relação aos estudos.
Esses são apenas alguns dos problemas enfrentados, levando-se sempre em consideração os casos normais. Gênios fazem parte de uma outra história, são exceções.
Na minha fase juvenil, tive a oportunidade de vencer alguns torneios nacionais.
Juntamente com Fábio Pontes e Joaquim Rasgado fomos vice-campeões sul-americanos por equipe em uma competição que teve a participação do argentino Guillermo Vilas.
Talvez uma das principais lembranças que carrego dos meus tempos de juvenil foi ter disputado a primeira edição do Banana Bowl, torneio realizado até hoje e considerado o mais tradicional e importante da categoria no país.
Na segunda edição do Banana Bowl, eu e meus companheiros, Fábio Pontes e Joaquim Rasgado, conquistamos o título para o Brasil. Naquela época, existia uma diferença radical em comparação ao formato atual da disputa:
a prova mais importante não era a individual, mas sim a de equipes, uma espécie de Copa Davis juvenil. Ainda nessa fase, viajei por quase toda a América do Sul, representando o país em competições oficiais.
Aos 18 anos, Joaquim Rasgado foi para a Flórida (EUA), estudar e defender tenisticamente a Universidade de Miami. Obteve grandes resultados, casou- se com uma norte-americana, teve duas filhas, vive até hoje nos Estados Unidos e, o que poucos sabem, é que foi, por muitos anos, o presidente da Florida Tennis Association, uma das maiores e mais importantes federações de tênis do mundo. Hoje, possui uma agência de seguro-saúde e é um dos líderes do ranking norte-americano na categoria seniors.
Outros parceiros em eventos relevantes da minha fase de juvenil foram Carlos Goffi e Otávio Piva.
Goffi é mais um exemplo de que o tênis é muito mais que um jogo para a vida de uma pessoa. Aos 18 anos, ele foi estudar e jogar pela faculdade Corpus Christi, no Texas (EUA). Casou-se com uma norte-americana, Jeanne, teve dois filhos, Jordan e Joshua. Goffi foi técnico do astro John McEnroe, tenista número 1 do mundo, e de seu irmão Patrick McEnroe, que figurou entre os 30 melhores duplistas do ranking mundial.
Joshua, que nasceu em Bertioga e viveu toda a sua vida nos Estados Unidos, acabou sendo convocado para representar o Brasil na Copa Davis, em 2004, numa situação atípica. Um movimento dos principais jogadores e técnicos contra a administração do presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, culminou com o boicote à competição. Diante da situação, uma Comissão Técnica provisória convocou um time que incluiu Joshua. Em sua estréia, ele e o paulista Alexandre Simoni venceram a dupla formada por Ramon Delgado e Paulo Carvallo, garantindo um dos pontos na derrota brasileira, por 3 a 2, no confronto com o Paraguai.