23/03/2006
Conheci o Marcelo Meyer ainda na infância. Tínhamos 9 ou 10 anos. Eu jogava no Tênis Clube Paulista ele no Esporte Clube Pinheiros. Fomos adversários, parceiros, viajamos juntos e crescemos juntos.
Em 1970, disputei o Orange Bowl, na Flórida, onde fui convidado por uma universidade no Texas para estudar e jogar tênis com uma bolsa de estudos completa. Indiquei o Meyer ao meu treinador e estava tudo certo para ele entrar na universidade, mas ele acabou sofrendo uma contusão e permaneceu em São Paulo. Em 1974, visitei o Brasil, encontramo-nos e traçamos alguns projetos.
No fim da década de 70, a Nike ainda era desconhecida.
Patrocinava o John McEnroe com apenas um modelo de tênis.
Na caminhada de John à condição de superestrela nos anos 80, a empresa me pediu para criar algo que vinculasse o sucesso de John ao esporte e a imagem da marca perante os tenistas juvenis.
Como diretor de promoções tenísticas da Nike, além de vários outros projetos, realizei o Nike Tennis Camps and Workshops.
Esse projeto foi desenvolvido inicialmente em 17 cidades norte-americanas e tinha como objetivo, além de oferecer oportunidades de crescimento aos selecionados jogadores juvenis e seus técnicos dentro do esporte, difundir a marca esportiva entre o público jovem com a presença do Mac.
Paralelamente, Marcelo e eu fizemos uma “ponte” Brasil-EUA com o programa que chamamos apropriadamente “Tennis Brazil- USA”, um intercâmbio promovido pela Meyer Tennis onde se formava um grupo de juvenis brasileiros para uma temporada de treinamento em Orlando, na Flórida.
Quando a Nike abriu escritórios na América Latina no início dos anos 90 e me apontaram como diretor de promoções tenísticas para a região, logicamente, meu primeiro contato foi o Marcelo Meyer. Imediatamente, chamamos nosso amigo Thomaz Koch, pelo qual temos muito respeito, para liderar o projeto.
Também contamos com a presença de um outro amigo de infância, Otávio Piva, para nos ajudar a adaptar o conceito às condições brasileiras e latino americanas. Juntos, lançamos o Nike International Tennis Camps, que foi uma excelente contribuição para tenistas juvenis acompanhados por seus respectivos treinadores. Após esse sucesso no Brasil, expandimos o conceito a vários outros países na América Latina.
O meu relacionamento profissional com o Meyer não aconteceu somente em função da nossa amizade desde a infância ou da amizade entre nossas famílias. Temos muita proximidade na maneira de pensar e na forma de transmitir nossos conhecimentos.
Pude perceber isso pela primeira vez no início da década de 80, quando fomos técnicos da seleção brasileira de tênis, compostas pelos jogadores Fernando Roese e o Nelson Aerts, para a disputa do Banana Bowl, no Esporte Clube Pinheiros.
Em nossa filosofia de treinamento, não é suficiente ver um jogador ter uma boa direita, uma boa esquerda ou um bom saque, mas sim priorizar sua preparação mental e emocional para este poder competir efetivamente na quadra.
Essa semelhança de estilos de treinamento não foi somente detectada no trabalho com juvenis, mas também tivemos a oportunidade de compartilhar nossas experiências no circuito profissional.
Quando eu treinei o Patrick McEnroe e o Meyer acompanhou o Fernando Meligeni, sempre nos encontrávamos e trocávamos idéias durante os torneios.
Admiro o Meyer pela habilidade, competência e visão que tem para ensinar e promover o tênis.
Carlos Goffi foi técnico dos irmãos norte-americanos Patrick e John McEnroe e de
Peter Fleming. Autor do livro Tournament Tough, com John McEnroe, um best seller
publicado em 1984 em 12 países. Pai de Josh Goffi, jogador do Brasil na Copa Davis.