26/06/2008
A Internet, ao mesmo tempo que nos mantêm acessados e acessíveis a tudo e a todos, nos trazendo grandes benefícios, nos traz também alguns riscos. Já falamos nesta coluna sobre a invasão de privacidade, acessos a sites controversos por parte dos parceiros e o alto grau de exposição que a Internet, em particular, pode promover, gerando alguns problemas bastante incômodos, que nos fazem ficar alertas no sentido de proteger a nós mesmos e nossos relacionamentos. Além disso, há de tudo na rede, das coisas mais belas, interessantes e inteligentes, até as mais chocantes e perversas. Se enquanto adultos essas questões podem nos atropelar, não é difícil imaginar que crianças e adolescentes estejam sujeitos a riscos semelhantes ou ainda maiores.
É possível encontrar em sites e comunidades do Orkut, por exemplo, uma quantidade alarmante de incitação à violência de todos os tipos, à anorexia e bulimia, pornografia infantil (até com bebês), pedofilia, jogo a dinheiro, tráfico de drogas, armas e por aí afora. As proporções são tamanhas que, engajados na proteção da infância e da adolescência, no intuito de combater crimes como esses, já existem organizações on line. Sites como a Safernet Brasil (www.denuncia.org.br) recebe cerca de 600 denúncias anônimas por dia, que são pesquisadas, confirmadas e então encaminhadas para o Ministério Público, onde há um departamento específico para crimes cibernéticos. Partindo desse tipo de denúncias, está em pauta no Senado a CPI da Pedofilia e Pornografia Infantil, que pretende estabelecer algum tipo de controle ou responsabilidade dos portais da Internet, coibindo o abuso perverso que hoje há na rede.
É cada vez mais freqüente a procura das escolas e dos pais por informações profissionais sobre a melhor maneira de orientar alunos e filhos no uso da rede, de como tirar partido de tudo de bom que ela pode oferecer, sem cair nas armadilhas da sua trama. Sem querer sugerir algum tipo de censura ou patrulhamento ostensivo ao uso da internet, é importantíssimo estar atento aos caminhos que as crianças percorrem dentro dela, com o mesmo cuidado com que os acompanhamos em sua caminhada do lado de fora.
É lamentável que um instrumento tão revolucionário, com um potencial tão benigno, possa ser explorado de uma maneira tão doentia. É o lado nocivo da rede, para o qual os pais devem ficar bem atentos e conversar bastante com seus filhos, orientando e alertando, no sentido de prevenir, selecionar, saber filtrar o que realmente vale a pena para a vida deles. Preocupar-se e estabelecer limites não é censurar ou policiar, é mostrar o quanto eles são importantes e preciosos. Mais do que nunca, o diálogo é fundamental, como bem colocou Arnaldo Bassoli em seu artigo no Site da Granja desta semana.