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Dormem as Mães dos Guerrilheiros Por Risomar FasanaroQuem é essa mulher / Que canta sempre este estribilho/Só queria embalar meu filho/ Que mora na escuridão do mar (*)"Por sete votos a dois, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu arquivar a ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que contestava a Lei da Anistia, mantendo vedada a possibilidade de processar torturadores

06/05/2010



Por Risomar Fasanaro


Quem é essa mulher / Que canta sempre este estribilho/Só queria embalar meu filho/
Que mora na escuridão do mar (*)


"Por sete votos a dois, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu arquivar a ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que contestava a Lei da Anistia, mantendo vedada a possibilidade de processar torturadores. " (Correio do Brasil - 1/5/2010).

Não, ainda não é este ano que o coração de centenas de mães parará de sangrar. Ainda não é este ano que elas poderão dormir em paz. Isso só será possível quando souberem quem foram os algozes dos seus filhos que lutaram contra a ditadura. A esperança é de que se possa localizar onde eles estão enterrados, ou se foram atirados ao mar. Mesmo após 46 anos ainda existem mães de guerrilheiros esperando por isso.

Os inúmeros abaixo-assinados pedindo a revisão da Lei da Anistia pedida pela OAB foram em vão. Por 7 a 2 venceu a indiferença à dor de tantas famílias que clamam por justiça.

Não se pede o sangue dos torturadores, dos assassinos, pede-se sim, que seus crimes venham à luz, que esses nomes e rostos sejam revelados.

“Quem é essa mulher/Que canta sempre esse lamento?/ Só queria lembrar o tormento / Que fez o meu filho suspira”

As mães que têm filhos em casa só dormem quando eles chegam. Pois é... o que dizer daquelas que não apenas não os vêem voltar, mas que sequer chegaram a vê-los depois de mortos?

O que dizer daquelas que ouviram falar que o filho (a) morreu sob tortura, mas não se sabe nem onde, nem se foi enterrado ou atirado ao mar? Poderá dormir?

“Quem é essa mulher / Que canta sempre este estribilho?/Só queria embalar meu filho/
Que mora na escuridão do mar”


Por não entender de legislação, mas me sentindo enquanto cidadã com todo direito a saber, pergunto: é imutável uma lei? Depois de instaurada nunca mais poderá ser revista? Voltamos ao império onde “palavra de rei não volta atrás”?

Praticamente todos que se opuseram ao regime ditatorial tiveram seus nomes e rostos revelados. Tiveram suas vidas vasculhadas da hora em que nasceram até o presente. Suas fotos estampadas em jornais e revistas. E os outros? Como ficamos?

Só os que lutaram contra a ditadura devem ser conhecidos? Os torturadores devem permanecer ocultos? Que justiça é essa?

E uma das coisas que me causou mais surpresa foi ler no jornal que Eros Grau, um dos juízes que foi preso durante a ditadura, votou contra a revisão.

Fiquei pensando: no momento da votação teria ele se lembrado das torturas? Daqueles que o submeteram aos suplícios no DOI/CODI?

O ministro disse que não cabe ao STF alterar textos normativos que concedem anistias. Cabe a quem, cara pálida? E se não cabe ao STF, por que foi dirigida a eles essa revisão?

“Quem é essa mulher/ que canta sempre o mesmo arranjo?/ Só queria agasalhar meu anjo/ e deixar seu corpo descansar”

Mas nos resta uma esperança. É possível recorrer às Cortes Internacionais como a Corte Interamericana de Direitos Humanos onde no próximo dia 20 haverá uma audiência sobre o caso dos integrantes da Guerrilha do Araguaia que foram torturados e mortos.

“Quem é essa mulher/que canta como dobra um sino/ queria cantar por meu menino/ que ele já não pode mais cantar”.

Que no próximo Dia das Mães, as que perderam seus filhos nas mãos dos algozes da ditadura, e clamam por justiça, cantem por eles. Na terra ou no fundo do mar eles as escutarão.

(*) “Angélica” - canção que Chico Buarque de Hollanda compôs em homenagem a Zuzu Angel que jamais soube para onde levaram seu filho morto.


Risomar Fasanaro
Pernambucana, veio para Osasco com 11 anos.
Jornalista, professora de Literatura Brasileira e Portuguesa e escritora, autora de "Eu: primeira pessoa, singular", obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Militante contra a última ditadura militar no Brasil.


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