14/09/2006
É com muito carinho e admiração que escrevo sobre Manolo Otero.
Cantor espanhol hoje radicado no Brasil, e intérprete de vários sucessos da música romântica e dos boleros como: "Champagne", "Solamente una vez", "Piel Canela", "Para Ti", entre outras.
Tive a oportunidade de começar a trabalhar com Manolo Otero no ano de 1988. Eu havia recém chegado de uma tournée com a cantora Cláudia e o flautista Altamiro Carrilho, vindo do México e Cuba; e no dia seguinte embarquei rumo ao nordeste, para uma temporada de 25 dias de shows com Manolo Otero e banda. A partir daí, seguiram-se mais 8 anos de trabalho por todo o Brasil e países da América do Sul. Naquela época, fazíamos uma média de 110 shows por ano.
Manolo sempre dizia uma coisa, que só pude compreender depois, com o tempo.
"Temos que ter um time que, independente de ser o melhor, tenha sempre vontade, alegria e respeito para trabalhar, pois passamos muito mais tempo juntos do que com nossas próprias famílias". Nossa rotina era feita de aeroportos, estradas, hotéis e teatros ... Um dia acordava no Acre e dormia em Porto Alegre...
De quebra, me aperfeiçoei no jogo de xadrez com ele rs, um verdadeiro mestre. Ele ainda dizia: "Em muitas situações da vida, você perceberá que as estratégias desse jogo lhe serão úteis." Verdade.
Manolo Otero não é o melhor cantor do mundo, aliás, isso nem existe. Mas certamente, ele é um dos maiores profissionais desta área com quem tive o prazer de conviver.
Ele estava sempre presente nas passagens de som, checava tudo para que pudéssemos fazer o melhor. Exigia sempre as mesmas condições de transporte, alimentação e hospedagem para todos nós da equipe - e não éramos poucos.
Muito carismático, às vezes, mesmo estando gripado ou cansado, recebia, após os shows, com carinho e atenção, aquela fila enorme de fãs que estavam atrás de uma foto ou um autógrafo.
Os shows aconteciam também em lugares muito distantes do país e, lembro que depois de horas de vôo, chegávamos a viajar juntos até de "Kombi" quando era o melhor que o contratante do show podia oferecer.
Foram muitos lugares lindos, muitas pessoas que conheci, diferentes teatros onde trabalhei, vi tantas situações malucas e vivi e ouvi histórias inesquecíveis.
No ano de 1996, segui outros caminhos no mundo da música. Dez anos se passaram sem que nós nos víssemos ou nos falássemos qualquer coisa. Perdemos contato.
Pude aprender várias coisas da vida e da profissão através da observação com o Manolo - mais uma escola que vivi e que faz parte da minha vida e, sempre que posso, procuro passar adiante. Manolo Otero é uma pessoa muito culta e também um cara muito brincalhão.
Há uns meses atrás, através da internet encontrei o site dele e, curioso das coisas que ele poderia estar fazendo e claro com muita saudade, mandei um email pra ele que, pra minha alegria, foi respondido no dia seguinte. Marcamos um almoço aqui em casa e foi muito legal e gostoso. Vieram a Celeste, sua mulher e companheira, Dona Amélia, mãe do Manolo, uma senhora linda, que eu ainda não conhecia e o Conho rs.
E, depois desse reencontro com gosto de encontro de quem se viu ontem, mês passado, lá estava eu, novamente, tocando pra ele num show que fizemos em Jundiaí.
Quero ressaltar que neste show, Manolo Otero abriu mão do seu cachê, em prol de uma associação que cuida de crianças com problemas de diabetes.
E como o mundo não é apenas redondo , mas pequeno, encontrei na banda o tecladista, também granjeiro Marcelo Beba Zanettini - o Beba.
AH! No jogo de xadrez aqui em casa com o mestre, consegui um empate milagroso. rs.
Pra quem não sabe, Manolo Otero é Rockeiro de coração e um dos seus maiores ídolos é Elvis Presley.
Mas, para o grande público ele sempre será o Rei das músicas românticas, e o Galã dos boleros.
Vuelvo a Ti.
Logo, teremos uma entrevista com Manolo Otero.
Felipe Ávila é granjeiro, profissional da música há 30 anos - guitarra e violão - e dedica-se a fazer e ensinar música com arte e qualidade.
site: www.felipeavila.com
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