25/01/2007
Nesta coluna, quero falar um pouco de um tema que parece incomodar muita gente "como estudar música?". Eu usei "incomodar" por duas razões:
1- Quem está estudando, pode incomodar quem está ouvindo ou esteja por perto. E,
2- As pessoas que são estudantes de música ou amantes de algum instrumento etc., dizem que vão estudar música, mas é comum as pessoas confundirem o "estudar", com o prazer de tocar que são duas coisas, completamente, diferentes.
Como professor de música, procuro orientar o iniciante dos estudos, seja ele de qualquer idade, a tentar praticar os exercícios, se possível, diariamente, procurando trabalhar com um relógio à sua frente e, ainda, que o faça por um tempo inicial de meia hora. Passa rapidinho!
Estudar música é como praticar um esporte, pois também é preciso, a exemplo do futebol, preparo físico, para aguentar jogar os 90 minutos de uma partida.
Então, começar a estudar meia hora por dia é um bom começo e, de acordo com a disponibilidade da pessoa, é bom que vá aumentando o tempo dedicado aos estudos, de forma suave e crescente.
O estudo de música pede um momento particular e especial, pois a pessoa deve estar sozinha, sem amigos por perto, com privacidade, concentração e, acima de tudo, com disposição.
A prática repetida de um determinado exercício tem que ser feita com diferentes abordagens: devagar; rápido; com rítmos diferentes, etc., para que a "Mão" aprenda o movimento correto. "A cabeça ensina para as mãos o que elas devem fazer". Desta forma, o resultado chegará no "automático", será como beber água, onde a coordenação dos movimentos não precisa do pensar. O lado intelectual, criativo, intuitivo e prazeroso, virá depois.
Como no futebol, o atleta só vai para o jogo depois de muito treino, pré-temporada, concentração e preparo físico; quando ele colocará em prática, os exercícios praticados, movimentos, e situações que ele "ensaiou" tantas vezes.
Os grandes músicos, aqueles geniais e que vão ao extremo quando tocam um instrumento, têm por hábito e disciplina estudarem, em média, 12 horas por dia e depois saem para tocar e trabalhar.
Mesmo que a pessoa interessada queira, ou não, se tornar um profissional e tenha disponibilidade para estudar tantas horas assim, não vai conseguir e não recomendo que estude tantas horas de início, pois é necessário condição física e intelectual, que vamos conseguindo aos poucos.
Às vezes o aluno diz: "Pôxa professor, toquei tanto esta semana..." Então, eu digo: Tocar é bom sim, mas não estudou nada rs.
Só estudar, também não é bom. Temos que administrar nosso tempo, dividindo-o em: parte para estudar e parte para tocar... se tenho 1 hora disponível para a música hoje, estudo meia hora e toco meia hora, ou, hoje só vou tocar e amanhã estudar e vice-versa.
Gravar o "Tocar" e se ouvir depois é um recurso muito bom, pois ajuda a avaliar a sua performance em cada um dos estágios do aprendizado. A gravação registra o erro que servirá de aprendizado a qualquer tempo, ao contrário daquilo que acontece ao vivo, num show por exemplo, quando o erro se transforma somente em passado e ninguém lembra mais ou tem certeza do que se ouviu direito.
Hoje no mercado, existem muitas opções boas de equipamentos que auxiliam neste aspecto - gravadores análogos ou digitais, incluindo equipamentos que podem ter acompanhamento de outros instrumentos.
Seguir as orientações de um bom professor, finalmente, é uma boa maneira de assegurar a evolução que se dará de forma estruturada e até mais rápida, ficando muito mais fácil curtir e tocar a música.