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Agito Cultural

A música africana e o grupo Kamberimbá 1- O que quer dizer Kamberimbá e quantos músicos formam o grupo? Hoje o grupo é formado por 4 músicos, mas outros estão chegando

16/03/2006



1- O que quer dizer Kamberimbá e quantos músicos formam o grupo?



Hoje o grupo é formado por 4 músicos, mas outros estão chegando. Bem recentemente éramos em 7 (5 na percussão, 2 na dança) e, claro, sempre há uma ou outra participação especial.

O Fábio, um dos músicos do grupo Kamberimbáem 2001, teve a oportunidade de fazer um curso de verão na Guiné sobre o instrumento djembê e, numa de suas apresentações, durante um solo, uma pessoa no meio do público gritava "Kamberimbá".

Ficamos curiosos em saber o significado dessa palavra e fomos pesquisar:

"Kamberimbá" pode ser entendido como “um jovem viril que coloca muita energia em tudo que faz”. Gostamos e adotamos o nome para o nosso grupo.



2- Como aconteceu seu interesse pela música africana?



Eu tenho um grande mestre na música e na vida que se chama Zé Eduardo Nazário. Ele me ensinou sobre o jazz e outros estilos. Sempre ouvi falar sobre a africanidade como raiz de muitas coisas no jazz e na música brasileira e percebia isso em sua maneira de tocar bateria e percussão, com muita influência de Elvin Jones, Art Blakey e outros (que são dois dos bateristas bastante "africanizados" no jazz). Esse rítmo, síncope, e a força espiritual que ele sempre tem em suas performances, me levaram a ir atrás de ouvir mais jazz e as raízes dele.

Apesar de eu amar a bateria e estar estudando e progredindo, não havia muitos grupos sérios e eu ainda estava bastante cru em relação ao "tocar com outros músicos". Tocar em casa é uma coisa, tocar no coletivo é outra. E o impacto decisivo ocorreu quando eu ouvi o som do djembê, dos dununs e todos esses ritmos.

Primeiro fui ter aulas com um percussionista chamado Paulo Campos e tive noções básicas sobre percussão, no geral. Nos encontros coletivos em sua casa/escola trocávamos muitas figurinhas e acabei gravando uma fita com coisas do Mamady Keita e ficava ouvindo o dia todo e tentava tirar os ritmos. Essa música me pegou de jeito, profundamente, pelo aspecto musical, social e espiritual, por ser tocada ao ar livre, pela conexão com a dança, etc.

Outra coisa importante que me atraiu foi o fato da percussão ser valorizada, pois vemos muitos grupos aonde há baterista em destaque, sopro, cordas etc., mas a percussão tem pouco espaço. Na África, porém, ela está à frente e com igual importância junto dos cantores, dos que tocam a Kora (instrumento de corda) e o Balafon (teclado similar à marimba). Os solistas de percussão são considerados os maiores músicos do país, pois, apesar de não haver uma exploração profunda na parte harmônica dessa música (o que sempre duvidei sobre ser esse o aval para que uma música seja complexa ou avançada, pois cada ouvinte é estimulado de uma maneira), em compensação ainda não há no ocidente um universo tão grande de ritmos distintos. De estruturas de ritmos variados (mesmo tendo havido o desenvolvimento de deslocações, compassos compostos, etc) e esses ritmos não são apenas "pulsos" constantes e polirritmicos, mas sim complexamente melódicos também.



3- A música africana está muito ligada às variáveis da cultura de um povo. Como o Brasil, por exemplo, com características continentais, que implica em muita diversidade na sua música e dança, por exemplo, e até mesmo a religião. Vocês estudam a cultura africana ou o interesse do grupo se restringe apenas à música?



Sim,isso existe no Brasil e em outros países que também foram influenciados pela cultura que chegou mas que acabou sendo tranformada. As estruturas rítmicas, a sonoridade toda e inclusive o fato de nessa região os ritmos serem tocados não com o propósito exclusivo de cultos influencia bastante. Enquanto temos aqui as entidades dos orixás e outros, lá temos as máscaras que marcam a religiosidade e espiritualidade, o sincretismo com os mulçumanos e as suas próprias origens, criam situações bem diferentes.

Primeiramente, o aspecto musical nos atraiu demais, o aspecto intelectual dessa música, que realmente é de alta dificuldade de execução, pede muito estudo. É necessário prática, técnica e assimilação de ritmos montados de maneira bem diferente do que estamos acostumados a ouvir como sendo "africanos", chegando a confundir mesmo os ritmos mais "simples" sobre onde está o famoso tempo "1" e até mesmo o pulso. Muitos músicos, bateristas, percussionistas e outros se deparam com isso quando os ouvem. E aqueles que ouvem mesmo, com afinco, sempre ficam muito surpresos, sejam eles de qualquer universo musical. Quando nos demos conta disso tudo, fizemos um trabalho pessoal, cada um no sentido de, inclusive, parar de tocar e ouvir outras músicas. Tivemos de nos doutrinar para assimilar os diferentes "lugares","frases" etc que estão nessa linguagem.

Começamos a ir mais fundo, com contatos com africanos e europeus que trouxemos aqui, emuita pesquisa e estudo de tudo que cerca isso. E passamos a perceber a conexão da música com a dança e com todas as coisas da vida, pois esses ritmos são tocados principalmente em aniversários, casamentos, batismos, funerais, circuncisão, trabalhos na lavoura, para quando alguém está doente e também nas festas religiosas.



4- Como acontece uma apresentação-show do grupo Kamberimbá? É uma produção diferente no aspecto de figurino, instrumentos, coreografia, luz, tempo de show?



Sim,o figurino é tradicional, bastante colorido e de acordo, usamos vestimentas como as dos grandes balés africanos da Guiné, Mali e outros. Os instrumentos usados são vários: djembês, trio de dununs, às vezes dununs de pé, krins, efeitos, essas coisas (pretendemos e gostaríamos muito de encontrar alguém disposto a tocar o Balafon, alguém que saiba técnica de teclados de percussão e se interesse em conhecer essa linguagem mandingue, para encaixar nos shows). A coreografia valoriza o tradicional, pois existe a conversa da dança com os espaços dos ritmos e com o djembê, mas abre-se para o improviso também. Podemos fazer apresentações com ou sem a dança, pois o grupo apesar de ter a intenção de formar um pequeno balé (e já fomos 10 membros em determinada época), é original e essencialmente de percussão. A apresentação que podemos fazer e temos preferência tem a duração aproximada de 1 hora.



5- Faz parte do trabalho do grupo Kamberimbá realizar workshops? E, como você percebe o interesse do público aqui no Brasil pelo trabalho que vocês vem desenvolvendo?



Faz parte sim, temos interesse nesse mercado. Dei aulas há 3 anos no Liceu Pasteur. Nós organizamos uma "Roda" em alguns colégios estaduais da região de Pinheiros e Vila Madalena, que duraram alguns meses, e hoje estou dando aulas particulares em casa e também num centro cultural na periferia chamado Centro Cultural Beija Flor.

Estamos atrás de um espaço aqui na região oeste para abrir um centro cultural, onde poderiam acontecer as aulas, palestras, workshops nossos e dos estrangeiros. Dentre várias outras idéias que tenho (amostra de vídeos), tenho um acervo enorme de CDs, LPs, vídeos, livros e outras coisas só sobre djembê e música mandingue (há muita coisa no site, mas o acervo mesmo é o triplo daquilo). E eu gostaria de expor tudo isso.

Para ser sincero, acho que não é exagero dizer que tenho uma das maiores coleções de vídeos e CDs sobre este assunto e o que eu gostaria é de tornar acessível ao público, pois merecemos ter um contato mais profundo com essa porção da África, já que tantos aqui gostam dessa música, tantos possuem um djembê mas não conhecem seus ritmos, nem a forma de ser tocado, seus propósitos. Na minha opinião, seria de grande valor, não só para músicos, mas para o grande público (e o interesse demonstrado é grande). As coisas estão apenas no começo!

Nosso trabalho pode ser visto no site : www.djembe.com.br


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